sábado, 25 de abril de 2009

Estilhaços alcaçus

Palhas de caiapós
Penas de Bororos
Camisa listrada sem o primeiro botão
Ao léu
Lixando as unhas
Dente sem mancha de batom
Sobrancelhas como adereço
Brincos de ouro e brilhantes
Em curva
Balas de alcaçus e chocolate
Copos de vodca ao gelo quase siberiano
Sofá de gorgurão
Janela com peitoril
Colt 45 na gaveta da cômoda
Retratos de cabeceira: pares de menina e moça.
A caneta envelheceu
Acabou o grafite
Secou a guache
Pavio só o de vela
Dorme o abajour
Elegante a ruga do meio sorriso
Ainda dentes de pérola
Chic a armação italiana
Olhos com estilo
Risca o fósforo da meia-idade
Fogo!Fogo!Fogo!

São micagens da retórica pós-neoliberal com a modernidade de síndromes em série

Tenho pressa?
Que bobagem
Assim, de passagem
Que ritmo
Alucina
A miragem?

rol da fama para uma amiga em dimensões 20/09/007



Asas em Levitação (Para Adriana Canova) 17:22
Sem estardalhaço
Jogo o laço
Me embaraço
Entrelaço
Altero o compasso
E curto passo a passo
Ameaço
Com um abraço
o amasso
Atiro-me em queda de braço
Desfio o arregaço
Sou plataforma de lançamento
Aí vou eu, trapezista do espaço.

Banzai-08/08/004 09:14

Clube dos Antônimus ®

Ali, no meio do caminho
Um minúsculo obstáculo
Aponta-se em espinho
À noite,
Assombra-se em cacto.
Um ninho de vespas
Acaricia sem sutileza
O curto-circuito, intacto
Da alma por trás de um
zíper de asperezas
como mandíbulas de formigas–de-fogo.
Considerar a reconstituição de nossa história
Será impossível.
Somos sempre amigos pós-futuro.
Temos limites impessoais ,
legado intransferível.
Até mesmo os à prova de pactos
de qualquer natureza inverossímil.

Luccia d. Troya ®

and now? 29/07/007 17:23

Ruiva Devorar-te em Azulferina

Encarnada
Rubra
Sangue
Vinho
Rubi
Torneada
Comer-te
Corpo
Desejo
Carne Viva
Embriagante
Rara
Bela cor
Perfumada

Rubi vert

Fogo!
Incendeia a água
Alma de superfície combustível
Conjugo-me na terceira pessoa
Um verbo sem vinco
- Que não enruga intenções –
mergulhice à toa
sem ficar afogada
nada de mágoa
é a jornada intransferível
no carreirão
é bom arder
na boa
bumbum em dia
cintura de pilão
tudo se afia nela
Se não fosse
O colt 45
No jogo
Meu dedo mela

13:01 -29/08/004


Almamém ®

Quem alma, desalma?
Quem desalma, alma?
Almamém, quem tem?
Quem tem, almamém?

Luccia d. Troya ®

abori-genes-28/07/008 13:18 (fig. Hivich)


Malukus e mamelukus

A migalha de alguém
Quantas vezes já não fui também
A sobra da mesa de boteco
O resto do dia seguinte
Rolha de vinho barato
Tampinha de cerveja
O guardanapo

Insolitez

adnan

Orit o ãitus
Sioped a ahniclac
Oles o olavac
E à epolag
Oglavac ues ojesed
Odahlom:
Et ojieb
Ed sohlo
Sodahcef…

Lanterna

Esta noite
Massacrei
Arrasei
Exagerei
e
Como todas
As noites
Errei
Acertei.
É noite:
Acendi
apaguei.

Desacato

Há ratos.
Não, não.
Nao no porão.
Há ratos
Entre vãos.
Grandes, altos,
Valentões.
Há ratos, de fato.
Sim.
Na esquina
Bueiros
Jardins
Há rastros, deles,
Na praça, bidê,
Coqueiros, antúrios,
Pés de jasmim
Há, sim,
Ratos
Nos cemitérios, guarda-louças, salas gourmet
Roupeiro
Maleiro
Lugares quaisquer
Assim
Há.
Há.
Há, ratos, sim.
Milhões.....

Política

A arte de desfazer o feito e refazer o defeito

Fases de lua


Nuvens e brilho

na escuridão

sombras e luz

na vastidão

grilos e pássaros

estendem a mão

da brisa que folheia

madeira e vidro:

são poemas de areia