segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Antipenultimas do Papagaio Testamenteiro

O eu sou eu, eu sou o eu

Para a África, um imenso coração bóia salvavidas feito de mãos

Aos diletos vizinhos


continentais


que enfeitam a dor


camuflando-a na cor


das vestais
cobrem o negro da pele


com o barro


dourado do dia aguado
bezuntam o pichainho
com seiva de vegetais oleosos
perfumam o suor
com o que a terra regorgita
nas entranhas sem olhos
cá entre nós


de oceano para oceano
se não nos soltarmos
ao largo
ungidos e unidos
pela bênção da imensidão
não pelo sangue
de qualquer ser vivo
se não respeitarmos
a nossa amada casa
ainda que feita de casca de árvore
a gente não tem chance
não.
Se querem a nossa mão
segurando a vida
que despenca na vertigem
da dimensão
num último perdão
se deem também a redenção
aqui vai um SOS de irmãos:
estamos de prontidão.
Façam o gesto
do capinzinho
que, de repente,
se transforma no valente
cerradão.



chorinho de vela em chama


não é de hoje

que os castiçais


e pedras


choram suas lágrimas


de parafina


toda vez que acendemos


as velas


em chamas magnas


angelicais