Aos diletos vizinhos
continentais
que enfeitam a dor
camuflando-a na cor
das vestais
cobrem o negro da pele
com o barro
dourado do dia aguado
bezuntam o pichainho
com seiva de vegetais oleosos
perfumam o suor
com o que a terra regorgita
nas entranhas sem olhos
cá entre nós
de oceano para oceano
se não nos soltarmos
ao largo
ungidos e unidos
pela bênção da imensidão
não pelo sangue
de qualquer ser vivo
se não respeitarmos
a nossa amada casa
ainda que feita de casca de árvore
a gente não tem chance
não.
Se querem a nossa mão
segurando a vida
que despenca na vertigem
da dimensão
num último perdão
se deem também a redenção
aqui vai um SOS de irmãos:
estamos de prontidão.
Façam o gesto
do capinzinho
que, de repente,
se transforma no valente
cerradão.
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