sábado, 26 de fevereiro de 2011

À noite, serena a cheia

Enquanto não chove
e os grilos cochicham entre as folhas
cato pérolas
Enquanto nuvens brincam de esconde-esconde
e um cão melancólico ladra no escuro
cato diamantes
Enquanto não ressoa o coaxar de rãs chuveiras
cato cristais
E lá vou garimpando ouro
na escuridão da noite que ronca no motor
honda da motocicleta
subindo a rua em ladeira
Ouço asas pássaras espanando galhotas mamoeiras
cato, então, as luzes das sombras
em bateia insone
Cato pegadas de mãos largatixas
cato o visgo fosforescente de taturanas
e das teias aracnídeas
Feito risco de seda
Cato prata acesa
nas pétalas da flores que fingem dormir
A lâmpada ligada em baixo consumo da noite
me lembra a lenha gemendo no fogão antigo
E ainda assim
está à míngua a chuvarada fevereira