segunda-feira, 12 de abril de 2010

Dor na espinha dorsal, não na espiral

Não sei se estou apta a escarafunchar este assunto
mas, me coça as entranhas
me deixa sempre numa cadeira
não elétrica
mas, à beira de um choque existencial
desconfortável
como quem vai ao cinema, teatro,
calha de sentar-se atrás do maior da turma.
Vira a cabeça prum lado, pro outro e nada
não enxerga
só escuta.
Na lida, nas ruas, na vida,
sempre fui o incompatível ser
certo
Nenhuma honraria
mas aquele anônimo com nome e endereço
corretos
Não tiro a graça de ninguém
São como ventania
do inesperado.
Sem mitigar o caminho tormentoso de cada um
sempre me coloco
na questão:
cadê vocês quando estoura o rojão?
Em prece, oração, jejum, comunhão?
Bom,
creio que é a minha cara de ninhada de rua
que deve estar presente
nua
na sarjeta
crua.
Obrigada.

mais um desmoronamento nas costas dos brasileiros

Um pergunta: cadê a grappa?
O outro: cadê as peladas?
(foto/Terra)

jardim do alento

interessante como um naquinho de terra
pode desabrochar e resplandecer
em novos fôlegos
usamos nossas próprias mãos
para a semeadura
do que parece frágil
e levanta-se aos nossos olhos
a exuberância da simplicidade
tudo aqui gosta de raios e chuva forte
ventos
sol
orvalho
até mesmo o que não plantamos
nasce
e chegam sempre visitantes
inesperados
pássaros, borboletas
que contribuem com mais e mais
renascimentos
fazem morada
ninhos
uma maternidade natural
sempre há o que se ver e degustar
carinhosamente
a delicadeza de um jardim
faz nosso coração
renovar-se
nossas forças íntimas
a vida está em plantação
como uma prece