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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ouça o carcará


Ao acordar hoje,

ali estavam as placas de assentimento.

Em cada esquina,

centenas de passagens tortas no trânsito, cedidas,

milhares de balas ardendo à esmo

vivas nos obtuários,

assim como as falas com erros contumazes,
com anônimo e indiscriminado itinerários,

de português -

na concordância, tudo certo, se é o sim.

Cabeças balançando-se afirmativamente,

feito vaquinhas de presépio,

menos o palavrão,

que não mais encontra freio,

em qualquer língua.

Ainda assim,

saem concordando com desentendimentos.

Milhões de sim,

assinando e assassinando embaixo

todo e qualquer ato feio,

que sangra a testa do boi,

que arranca as penas do frango,

que dilacera a garganta do porco,

abre as entranhas do peixe,

- ai, um frio de gelar conhecimentos

um degelo de infernizar florestas,

decepadas sem o menor obséquio.

Ora, tribos-bundão,

agora, eis aí:

estão acordando,

feito baratas ,

ratos,

percevejos,

pulgas,

piolhos,

carrapatos,

sanguessugas,

aedes aegyptii...

De quantos sim você ainda precisa para chegar ao não?...





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