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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Águas morenas


(7/1973-restaurado em 2005 e 2009)

Assim é o Rio Pardo
Com suas águas pardas, novas, alvorada afora,
descendo o serrão
Solto, moreno
Beirando-se entre margens e pedras,
Revolto.

Esse Rio, parece, tudo sabe:
da terra ao lado direito,
a do outro lado,
espelho das manhãs,
guarda tudo no seu leito

Histórias vividas em murmúrios
Daquelas de confins
De matagais.
Muitas lá das Minas Gerais

É pardo como a tarde, feito de barro.
Águas que desabam em pedras,
estas ,em mágoas.
De quem bebeu na sua fonte,
quem caiu de cansaço,
Deu vida e morte,
sua correnteza fez embaraço.

De longe chamou poetas
Engenheiros, profetas, carpinteiros.

Escritores, gênios,

saiotes, fricotes, uniformes,
Tirou a sede, arrancou a fome, jogou na rede
Lambaris e bagres
Para o homem.

Esse Rio, antigo rio,
Vem lá dos montes, dos horizontes,
Um caminho de estio, à margem
Resvalando caudaloso sob pontes

sob asas, saias, saltos,

como desvencilha e encilha

uma sela em punho feminino,

dedos de rédea-

serpenteia felina,

silenciosamente.


Pardo, Rio dos mogiões paulistas e paragens
Às vezes em calma sossegada
Outro tanto em corredeira desatinada

Pardo, Rio, bonito,
rio bem posto
sempre bendito,
enchente ou calmaria,
verso, sangue,
esse Rio é fonte.

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