até mesmo as pedras se movimentam
as árvores sacodem seus galhos para desnudarem-se das folhas secas
os rios em cheias revolvem-se e desmolham-se do lodo e entulhos
os ventos espanam a poeira e os ciscos
os pássaros deixam velhas penas e revigoram a muda
o outono é a silenciosa transmutação
depura a natureza, de que espécie for
adormece e resfria sua lida
sua poda necessária e natural
calmo, imperiosamente,
afaga o desembestado novo
invernal, hiberne
todos deveríamos humanos
ter o mesmo movimento, em nós
como o dia e a noite
como o beabá
podemos habitar torres e porões
revisitar o passado
exorcizar fantasmas
não alimentá-los.
A folha será sempre a quota da natureza.
O ser humano é o verme que o come, devora, devolve-o
à sua cama
de terra e pó.
Um comentário:
Lindo!
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