Era o jogo entre Corinthians e Flamengo
Nos dois primeiros gols da partida
uma ou duas gargantas urravam Gol, ...
acrescido de palavrões
lançados raivosamente
esticando-se aos decibéis máximos das cordas vocais
enquanto a vizinhança quietamente dormia
ou apenas fazia um sono chegar
Era mais possante o silêncio da cidade
Em algum bairro mais distante, magro foguetório
Calou-se o brado solitário e animalesco na segunda etapa da peleja.
Talvez, o homem da caverna não pode ouvir mais seu próprio eco
olhando a TV LCD 42 polegadas de derrota e frustração ultra moderna.
Latas de cerveja amassadas entre os dedos neanderthals
arrotos azedos
gases, azia, provocados pelos vitoriosos e ácidos 2 a 1
que não foram suficientes para devolver a cunha ao
'fenômeno' do futebol, hoje envolto na balofa e lenta
sombra do fracasso.
Não há quem o liberte dela.
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