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domingo, 30 de maio de 2010

A magia do despertar tem o despertar da magia

Hoje acordei no frio de outono
junto à serra São José,
com foguetórios e sinos cantando
saudando romeiros e religiosos
à festa da Santíssima, desde às 3 da manhã
Me deu vontade caudalosa de cozinhar
feijão e fazê-lo de modo tão espesso
e suculento
quanto irresistível ao paladar.
Após um amanhecer cheio de neblina
ouvindo saudações ao microfone
reza, convites à população,
abro a casa ao sol,
à luz do quintal verdejante:
pássaros me esperam na renovação das sementes,
na limpeza das águas,
do orvalho gelado sobre folhas e brotos.
Nesta tarefa quotidiana me somam
uma cã botequeira, enrolada na caminha quente
e uma jabuti, entricheirada
debaixo do guarda roupa.
Lá fora, as asas inquietas dos beija flores
ziguezagueiam a quietude da casa.
Ah, é mesmo, o feijão.
Claro, vou cozinhá-lo com notável solidão.
Dessas em que se pensa no despertar
e sua inquestionável amplidão.
Não sou o tamanho da dimensão,
mas sei arrumar meus agrados e meus enfados.
Sem tango, nem samba.
Quanto mais, bolero.
Lembrei-me que acordei
cantando Paulinho da Viola,
Tudo se transformou.
'Violão, até um dia...'
numa passagem ao piano de arrepiar ossos.
'Ah, meu samba...'
(Ontem, acreditem, dormi com Frankie Valli & The Four Seasons,
I've Got You Under My Skin...)
É ou não é?

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