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domingo, 22 de novembro de 2009

O Contínuo Ciclo Quadrado do Estertor da Ignorância

(à noite sob a bacia da lua em Tiradentes-MG)
Ao lado, o vizinho se mostra
ao som de um violão
dedilhado num solo matreiro
com a habilidade de um virtuose
exposta
feito fratura que põe
à mostra
suas partituras pessoais
num bordado de harmonias
digitais
incógnito (nem tanto, é o Totonho)
à rua, circulantes sorrateiros
aqueles esmagados
pela letra, verbo e solfejo
- lá eles vomitam seus pés de sucupira
existencial.
deixam marcas de cotovelos
anais
nas carteiras escolares.
A lua num sublime e aterrador anel
levanta em luz
o recorte da serra
grosseiro de nascença
- soberanas
em uma bacia esguia
de imprevisível geometria,
brilhantes no céu.
porte real.
A ignorância mora em toda parte
não apenas no suburbano.
Mora no declínio obtuso
dos arredores,
então, dicto e feito,
domesticados, aliás, civilizados.
Ainda criam galinhas no quintal
e destroçam o pescoço do frango
com a mãos geladas da fome.
Também desmatam florestas
para boi comer capim
e enfeitar espetos,
esposa criar jardim,
moleque dar tibum em piscina,
nene dandar com babá ecológica.
Todos devem cagar sua cota em carbono.
Mas, francamente,
quem se importa com esse
arremedo de gente?
Conjuga-se perfeitamente
a mesa farta de ironias
- iguarias de quem
experimentou o seio
cheio.
E é fatal.
Exercita-se o regurgitar
da soberba
na sarjeta: cão ou laia
vai ter sobremesa...
Um dos dois vai arder
na correnteza de todas
as pobrezas...

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