
o mundo é suficiente
aliás, ultimamente,
não cabe em mim
assim, um mundo sem fundo,
escarrado, nem frito, nem ensopado,
o menu já vem ensaboado
com um amontoado
de escremento vegetativo-animal
embalado.
Sorver o cardápio planetário
atual
me parece um ato
desatento, na verdade,
desculturalizado,
por quem frequenta
a estrebaria social
e se veste como quem
se abotoa de emaranhados
chinfrins
- credita no irreal
um virtual
Santo Graal
- adereços de encenação vazia -
fashion, sim, até inusitados,
só em aparências inventadas,
aquelas alegorias grifadas
- mostram muito o lado de fora
e nada por dentro -
plastificadas.
Poucos lêem
estão em carona constante
de Tvs e celulares.
A existência me interessa
assim como a sua textura.
Vez ou outra, encontro, surpreendemente,
alguém que pensa
intuitivamente.
Uma rara riqueza, ímpar,
que também se serve à mesa.
Aliás, alimentar-se, corriqueiramente
exige destreza, habilidade,
peregrinação e um leve toque de juizo,
acréscimos de encantamento
e sedução.
São sinais característicos
da pessoa devotada
ao sentimento.
Aqui, conheci a filosofia
da encarnação.
Por ora,
lamento
o habitar desse mundo
tão ausente
de despreendimento
e perdão.
E tenho razão em execrar
todo aquele,
jovem ou não,
para quem
cuidar da própria vida
tornou-se uma responsabilidade
a terceirizar.
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