
Aqui o quente é frio
empoeirado
arde e atiça
o soprão do vento gelado
se esparrama pra todo lado
tem geada, não gemada
estou cavalgando no puro sangue
Ford
faço meu café encorpado
aromatizado
perfume de quê?
madeira verde
- pergunta o solerte em cafezes...
Minha casa me agasalha e sobra
eu, Gueguê e Florzinha Thenorenta
além da passarada
vivo dela, por ela.
Nem previsões na mídia
divãs
remedinhos
uns vinhos
ah, isso é aos deuses
e desperto
certa de que
não há diagonal,
horizontal,
vertical,
banal,
cervical,
umbelical
que me demovam do
meu astral atemporal
nem leio mais o termômetro zodiacal.
Quem veio junto
ou o quê
enganou-se
se não souber a senha
feita na panela cinzelada
de Pedra
em sortilégios de
Cracas
cactos
espinhos
mato
erva daninha
cacos
cascalho
o pio agoniado
o uivo
o apito do trem
o sino
martelando
em réquiem
ressoa também
no parabéns
todos capengas
agregados.
Nada na minha vida funciona
se não me disserem as palavras mágicas e verdadeiras:
'te amo, te amo, te amo'.
Pourquoi?
Very simple:
já ouvi de tudo.
Até Je t'aime pour toujours
Não suporto ouvir
feridas se abrindo
feito
palha seca
se as noites são tão
venosas no inverno
saltam sobre nossas cabeças e telhados
não suporto não ouvir
de repente
o cochichar do redemoinho de areia e pó
deslizando qual bailarina
em rodopio de calor
esturricado
faz-me um favor
apenas este
de soletrar baixinho
cada palavra do antiamor...