
vôo sobre a Pampulha
a bordo do ERJ 145 Passaredo
é manhã de nuvens brancas
as que polvilham um fim de março
e início de outono
asas leves que me levam
de casa para casa
vamos farejando e lambendo
obras históricas e suas curvas
suas cores
suas perspectivas
que abrem horizontes
cada vez mais longinquos
cada vez mais pertos.
Estão lá Niemeyer
Portinari
Burle Marx
Juscelino
São Francisco
Iemanjá
Sobrevôo meu próprio
acaso
percebo que o distanciamento
me aproxima
e vejo mais cada detalhe
ao longe
ao longo e
quanto mais me distancio
mais perto estou
Sobre nuvens
na poltrona C 11
a janela descortina
ninhos etéreos
despojados
lá atrás um aceno
ciao
um alô
tchau
se aproximam
canaviais
telhados
calor
saio do meu quintal tiradentino
do meu astral bhzontino
chego na minha sacada
buritizando
bem cedo
em Ribeirão Preto
de novo
em casa.