Paul McCartney chegou a São Paulo
Eu, em casa, em 1967,
com vitrola e rádio, TV em branco e preto,
ginasial, cidadezinha,
interior paulista, berço euclidiano
Já fui fã dos Beatles
posso dizer que desde My bonnie lies over the Ocean
sobrevivi ao She loves You
comecei a ouvir sozinha A Hard Day's Night
a andar sozinha com Day Tripper
porque havia Help
e Lady Madonna

já que todo mundo sabia cantar e tocar
Yesterday
nos bailinhos caseiros em que
também só se cantava, dançava-se, namorava-se
com Hey, Jude
Sobravam Penny Lane
Revolver
Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band
um Magical Mistery Tour
e a década voando
girando
rebolando
esgoelando
alucinadamente
preenchendo vazios
mentais e cárdios.
Me lembro bem de Dear Prudence
Martha My Dear
Back in the USSR
Eram só os Beatles
pelo planeta
menos no Brasil.
Então, Paul...
Chegou tarde?
Como disse John Lennon:
'Realize seu sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso...
eu não posso acordar você.
Você é quem pode se acordar.'