
Parece que tudo está impregnado de preconceitos,
por todos os poros meridianos.
O século XX, infelizmente, não foi solúvel em água
- era o desejo de alguns milhões de terrestres (incluindo-me).
O século XXI, provavelmente, não será tão volátil quanto os mesmos milhões de outros nós
desejam
(excluindo-me).
Algum de vós sabeis se engatinhas?
Lembro-me de outros engatinhando.
Eu mesma não. Não me lembro.
Mora em mim uma nova memória antiga
Mora em mim uma nova memória antiga
....É uma rica passagem de quintal de infância ,
na Costa Machado 387,
do primeiro de quatro Zés mais famosos do planeta,
o Fagiolo, que pilotava sua pequena oficina eletromecânica,
como um imenso laboratório de faz-se e conserta-se tudo.
Since 1949.
Para minha existência, um oásis e um universo particulares,
ceifados, como ele o foi.
Numa de suas raras e inesperadas conversas ,
em súbito intervalo para descanso do trabalho com afinco,
Zé Fagiolo sentava-se, numas tardes,
no primeiro degrau de uma pequena escada que fazia o acesso de um corredorzinho com mureta e jardineira
(plantados salsinha, alpiste e hortelã) ,
saindo da cozinha e da sala de estar
para o quintal com chão de tijolos,
pegava uma Lima da Pérsia
descascava-a com a unha manchada de graxa,
partindo do fim para o começo da fruta
e lá ia explicando as boas e nutritivas propriedades:
clareava os dentes, limpava os rins, tonificava o sangue,
sabor de saber que passava de pai para filhos -
cada qual tinha que ter um pezinho da bendita -
mas , não era para engolir o bagaço,
que amargava na boca depois de mastigado.
"Cuspa fora".
Era o jeito do Zé, que , na vida, ao invés de cuspir o
amargo,
engolira-o.
Filho de italianos imigrantes( junção marítima-atlântica de um convés congregando semelhantes de norte e sul ,à êsmo , no início do século XX)
Filho de italianos imigrantes( junção marítima-atlântica de um convés congregando semelhantes de norte e sul ,à êsmo , no início do século XX)
dedilhava otimamente um violão apenas de ouvido:
Por que uma Lima da Pérsia?
... Sei lá .
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