terça-feira, 31 de agosto de 2010

Aos estranhos,dormindo e acordados


Somos dia e noite






os debruçados em




medos e segredos


debulhados




escancarados




empacotados




escondidos




enfeitados




pintados




desmanchados




sutis




vis




angelicais




temperados com anis






decorativos






sujos e mal lavados






com língua de bombris







somos estranhos


compatíveis




e




às vezes frágeis




às vezes indomáveis




todas as vezes




indecifráveis


falando a mesma língua








segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Palhas da severidade


Toda noite, molho plantas envasoadas

e o piso claro de duas pequenas sacadas

a bacia cheia de água dorme no quarto

enquanto o blade runner gira no ar

as estrelas da madrugada

Não há nuvens

em meu copo cheio de gelo

e muito sol casa afora

levantando poeira e desmaiando

pencas de flores, sementes, painas

Gaia não está nada satisfeita

com a nossa passagem de usuras e rapinagens

resolveu fechar as torneiras

severamente

Nos cansa em mormaço e secura

Derretendo-nos

Deve ser para vermos o que nos sobra

em falta

e de trás para frente
dessorando nossa essência vital


sábado, 21 de agosto de 2010

Libido inflamada, by José Riviti (Alone Again, Naturally)

Demorei,
mas acreditei
pior
entendi
Agora
la nave va
felliniana
me descubro
em nona
em alpha
em beta
em cismesma
ando
sozinha
à noite
lanço ouvidos memoriais
também
a Gilbert O'Sullivan
me presenteado pelo meu belo irmão
Willian
logo após a morte de meu pai
José
em 1973
Finados
02 de novembro
Tem história
muita
Dá até um romance trágico
Se
a minha jornada
não fosse
uma piada
de cabo a rabo

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A atmosfera em febre delira


Aqui o quente é frio




empoeirado




arde e atiça




o soprão do vento gelado




se esparrama pra todo lado




tem geada, não gemada




estou cavalgando no puro sangue




Ford




faço meu café encorpado




aromatizado




perfume de quê?


madeira verde




- pergunta o solerte em cafezes...




Minha casa me agasalha e sobra




eu, Gueguê e Florzinha Thenorenta


além da passarada

vivo dela, por ela.




Nem previsões na mídia




divãs




remedinhos


uns vinhos


ah, isso é aos deuses




e desperto




certa de que




não há diagonal,




horizontal,




vertical,




banal,




cervical,


umbelical


que me demovam do




meu astral atemporal
nem leio mais o termômetro zodiacal.

Quem veio junto

ou o quê


enganou-se

se não souber a senha

feita na panela cinzelada

de Pedra

em sortilégios de

Cracas

cactos
espinhos
mato
erva daninha
cacos
cascalho
o pio agoniado
o uivo
o apito do trem
o sino
martelando
em réquiem
ressoa também
no parabéns

todos capengas

agregados.


Nada na minha vida funciona


se não me disserem as palavras mágicas e verdadeiras:


'te amo, te amo, te amo'.


Pourquoi?


Very simple:


já ouvi de tudo.


Até Je t'aime pour toujours


Não suporto ouvir


feridas se abrindo


feito


palha seca



se as noites são tão


venosas no inverno


saltam sobre nossas cabeças e telhados



não suporto não ouvir



de repente


o cochichar do redemoinho de areia e pó



deslizando qual bailarina



em rodopio de calor



esturricado



faz-me um favor


apenas este



de soletrar baixinho


cada palavra do antiamor...




















quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Só Procurar no You Tube, Somebody To Love, Queen

Somebody to Love
Ópera de magnitude Zen por cento!
Foi o meu despertar com 'O' Queen.
Ainda São Paulo, SP, BR, Vila Campesina
incluindo Alameda Santos, Cerqueira César,
neste, vizinha de Elis Regina e tantos outros
mas, nada me acompanhava mais na vida do que
Fred Mercury
Ouçam, leiam, traduzam-no e traduzam-se, vivos
ousem-se,
como eu em 1979.
Ma ra vi lho sos.
E passei de anos, de cidades, de Estados,
mas meus amores de fato, não me passaram não
nem passarão
paz ssaremos...

Ledo engano, use o tutano!

Cidadão
aprenda de vez por todas
Não existe fato isolado e nem fora do comum
Reaja
Aja
Ao ser abordado por facínoras
bote os bofes para fora
indigne-se ao extremo
pois é extrema a urgência
de sua ação
Não existe Estado e nem segurança terceirizada
O que você paga
é em vão
Sustenta apenas a turma do fundão.
Bote esta turma para correr
à bala
de chofre
e suas sequelas.
Ah, existem, sim, outros humanos,
como você,
que não têm nada a perder
pois é.
A não ser a eleição.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

hivich, dear hunter


Não sei se você aprendeu a dormir

me lembro

acordados

da TV em preto e branco

como era possível em alma

assistir aos clássicos

final dos anos 70, início dos 80`

de meia noite em diante

São Paulo, SP, Vila Campesina,

1979

o que havia na geladeira

um tostex de ovo

pastel

pão de forma

chá preto

frio e copa

cigarros

seus olhos verdes

na luz amarela

trepidavam

Eu subia as escadas do sobrado

degrau por degrau

enebriada


a cabeça cheia de sonhos

e contados

livros abertos, filmes,

aulas, ônibus,

lá eu,

na madrugada,

dormindo ao som de Doctor Hook e Jovem Pan

FM

minhosamente

Sharing the night together

Não é?


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ela está dentro... e fora


E vai e sobe e voa
nada como gente à toa
eu
em terra
mirando um único ponto tangível no horizonte
e ainda faço continência
admiro o vento
a biruta do aeroporto
a rajada de muitos fôlegos
soprando a aeronave
que entorta a curva
com as perninhas
feito passarinho
sem pressinha
segue...
em asa turbinada
de leve

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estilhaços existenciais em suspensão


Minha química humana





não é solúvel em água





nem ar, terra, fogo





talvez a alquímica da alma





faça toda essa compostura





existencial



em rasura





pelos poros da insustentabilidade





sustentável





não seja , de pronto, insolvente,





talvez, insolente





entre mim e você





houve a precipitação





do heterogêneo





genial





o externo semissólido





o interno insólito



desde o som



ao musical





Deixo meus cristais





parcialmente sofrendo





em líquido incompatível






estou em vida feito escarro






grudada em cuspe






na etérea


manufatura em barro


inicial






sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ao turbilhão da catarse






deve ser como catar-se






depois de sermos esmigalhados






pelo tornado da mente e seus abjetos






quando revolve o porão






o sótão











que carregamos na ordem e desordem











em equilíbrio e desequilíbrio











crendo que tudo se resume ao sim e ao não











aninhando aos socos, palavrões e pontapés











lágrimas, cabelos arrancados,











tremores, tombos, rancores,











mágoas, decepções,











fantasias e ilusões,











sonhos mal acabados,











ao espelho do contrário das expectativas,











perante o outro de nós mesmos a quem nos acusamos











no baú trancado da alma inflamada











pela via de acesso mais escura











onde ressona a raiva











enquanto o ódio descansa











ambos prestes ao estopim











em faíscas intermitentes











lançando dardos sadomasoquistas











como alinhavos grosseiros da postergada











loucura






em completa varredura de seus






guardados e achados






cuidadosa e desastradamente






quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ao Viver me sinto em férias


Não tem hora para dormir



nem acordar



Fazer a cama pra quê?



Café da manhã,



só se valer também na madrugada



TV falando sozinha desde cedo, tarde



e noite afora



Ligar e desligar à vontade



Música, toda ela e se gostar só aquela



Camiseta, havaiana, calça de abrigo,



no frio



no verão, bermuda e camiseta e havaiana



que importa?



Comer, nada de almoço, jantar,



vale a fome de qualquer coisa



e seja uma coisa que valha



ir ao fogão por prazer



e fazer o prazer



senão, solicitar um dos itens de cardápio



delivery



nada sujinho, engordurado:



pão


ou não

e



alfacinha, ovinho, tomatinho,



queijinho,



peixinho



quem sabe aliche



pizza



gorgonzola



Um tinto Casanova



bem provado


levinho


cerimoniado


Tudo é tempo


e tempo é Nada


Vagarosamente



Lave as partes


todinhas


banho nas partículas


estilhaçadas


compactas


Como um jardim: perfume-se


aos olhos


Separe o lixo


como se fosse pássaro


e


borboleta



pois é assim


que é Viver no Planeta
Espane a vizinhança
faça cócegas nas amizades
no amor
use um travesseiro e cobertor
se fizer calor
refastele-se
Não grite
sussurre
cochiche
à raiva e ódio
mostre os dentes
sorrindo
É um deserto,
mate a sede com água...
Promova o batismo
O mais importante,


alimente e guarde muito bem o seu animal


não, não aquele ente,


como diz Sobrinhão,


mas o ser que é você


ao natural















terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma quitanda de coragem e vá a via

passe pelas gôndolas
e vá colocando na sacola
morangos
limão siciliano
sementes de abóbora
pimentas dedo de moça
grão de bico
maço de agrião
macadâmias
tomatinhos
tudo muito eco
desavergonhados
deixe as uvas de lado
ficaram comuns
tome um café
fume um cigarro
gasolina no tanque
pegue a estrada
nem devagar nem depressa
tem chão à beça
jóias de mentirinhas
as de verdade
tudo se leva na bagagem
não esqueça suas bobagens
perfume
pinça
chinelo havaianas com tiras transparentes
um gatorade
halls
vodca
a máquina digital
que clica e filma
documentos e cash
atravesse cerrado e serras
amuletos
prosaicos
eternos
diletantes
siga
pelas estradas sem acostamento
curvas e altas
no seu lado direito
olhe à frente
lados
retrovisor
xixi
leve papel higiênico
e reze
pois
quem sabe onde quer chegar...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Maçã podre

Partilhas as sobras desse amor
em 'amores'
como se fossem tuas
colhes os restos e os armazena
para dar à boca de famintos
grotescos
que já se acostumaram aos rejeitos
assim como tuas entranhas
estranhas
mendigando favores
ainda que se vista de cetim
aos andrajos de tuas tramas
tramas
contra mim

domingo, 8 de agosto de 2010

Unhas,cabelos, seios, cílios e alma postiços

São próteses do ego
muletas do id,
aliadas às tecnologias do super ego
entre ostras e cracas

Albatroz, alba mia, mia alba a sós


Errante

austral

habita

Geórgia

bi anual
- extasia pura
teu olhar

tens plataforma continental

me asas

em tua envergadura

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estranhos na lavagem

Tudo é muito rápido hoje


colocar gasolina no carro


ainda demora um pouquinho


assim como dormir


mas, lanchar, beber, falar,


tomar banho, escovar os dentes,


mudar de canal,


de visual,


puxar o gatilho, a faca,


trocar de roupa


são segundos efêmeros.


Normal.


O que é mais estranho na correria


é levar o que se usa e veste


para a lavanderia


Voltam detalhes surpreendentes.


Uma única peça


em todo esse jogo,


algo alienígena,


diferente


salta estranhamente à sua coleção de grifes,


embora seja grife.


Parece um vírus


quando se separa item por item


e lá está o desconhecido,


para você,


pois não é para alguém,


mesmo assim,


ao invés de gerar ondas,


dá choque...




segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Plantando batatas ao lusitano Teófilo Braga e ao holandês Van Gogh


Minha nova atividade sensorial
resume-se a este reaprendizado
totalmente novo e inusitado
afrouxando a gargantilha
de rubis
desatando meus nós de ouro e diamantes
desvestindo até o próprio cognitivo
de seus berloques pedantes
Desfaz-se a água cheia de bolinhas
brilhantes
e gelo
substituída pela torneiral
Vou a campo
sob sol, fardo, curvaturas incômodas
da espinha dorsal
dobraduras férreas,
triangulares
Mas, só assim,
carpindo, arando, gradeando,
semeando o sólido,
o bruto
me sinto menos estúpida
quando olho o plantar
sutil e súbito
de meu vivencial.
plantando batatas

domingo, 1 de agosto de 2010

as noites que não dormem

estalam feito gravetos
na cama em chamas
queimam as palhas do dia
debaixo do travesseiro
chamuscam as pestanas
sobre o colchão
ditos e escritos são folhas ressecadas
plenas de combustão
no lençol
ardem
dos lóbulos das orelhas
à boca do estômago
inflamam as membranas do pensamento
aquecem em demasia o corpo
a alma
goteja labaredas
e antes que haja o suplício
derradeiro do sacrifício
insone
um simples instante
se congela
delicadamente
pés alados da eternidade
pisam uma a uma a dor
apagando-a
com toques cauterizantes
e o sono nocauteia
o antes
prepara-te novamente
para o próximo round
efervescente
c'est la vie...

'Ai mi souri', Vizenzo ou será Juvenzo?


Uma nova e deliciosa figura

mefistofélica
ou será mefistotélica

está 'assustando' frequentadores de um mercadinho

no bairro Irajá, Rua Chile,

em Ribeirão Preto (SP)

Diz o funcionário que o nome dele é

Vizenzo...

Nós o chamamos de Nono, ' Ser ou Nono Ser':

tanto 'ele' quanto sua companhia na bandeja

conversam....

São munidos de sensor de presença,

ligados na tomada.

Tire uma, também

como Don Dieguito

Da Ordem de Maria, Regina Marium


Diz Ela que virá em sua maior comitiva




através de seus Anjos batedores




limpando os caminhos




arejando os ares




reacendendo a verdadeira Luz




de nossa existência




compadecida de todos




os seus seres




em clamor por paz e redenção




Regina Marium


ao gosto do agosto


em quinzena aberta


aos 12 estelares


de vossa gloriosa misericórdia:


pios e convictos estejamos.